Help those suffering in the Horn of Africa

30 setembro 2010

(Mais) Dicas para um bom café

O Barista Michael Phillips (considerado o melhor do mundo), costuma dizer que o espresso é como uma lente de aumento: ele amplifica tudo que está presente no grão, o melhor e o pior. Daí a importância de ter um produto de origem de qualidade.

As diferenças entre o espresso e o de coador são, basicamente, a pressão da água (alta no espresso e natural no coador) e a moagem do grão, que deve ser diferenciada de acordo com o método de preparo.

Aqui vão as dicas de Phillips para um café de alta qualidade:


  • O melhor produto é o mais novo possível: grão colhido há pouco e moído recentemente (no máximo, três meses e duas semanas, respectivamente).
  • Comprar café novo e torrado há pouco tempo;
  • No supermercado, a primeira coisa que você tem que ver é quando o café foi moído. Tem que ser no máximo há duas semanas. Depois, ele perde o sabor;
  • Altas temperaturas deixam o café ácido e com gosto de queimado. Já uma água fria não extrai seu sabor adocicado.
  • Para saber o ponto certo da água, tire a chaleira do fogo quando a água ferver e espere de 10 a 15 segundos.

Fonte: Revista Época

29 setembro 2010

A volta da sinergia nas fazendas - por Michael Pollan

Tá aí uma entrevista (em inglês) com o mestre, Michael Pollan. Intrigado pelas coisas estranhas que andava encontrando à venda nos supermercados, e curioso para rastrear de onde vinham partes de sua refeição, ele publicou alguns dos melhores livros disponíveis sobre o assunto (O dilema do Onívoro, Food Rules).

O autor, em seu livro, Food Rules, diz o seguinte: Eat Food. Not to much. Mostly plants. A maioria das coisas que vemos hoje para vender como sendo "comida", são na verdade semelhantes a comida. Não é comida de verdade. A maioria de nossas escolhas sao impostas por corporações e suas estratégias de marketing, engenheiros de alimentos / inovadores, políticas governamentais de preços de commodities. Cada um desses fatores interfere, pesadamente, no que vai estar disponível pra você no mercado. E no preço de cada coisa. Quando você for capaz de distinguir comida de verdade dessas várias opções, você estará bem.

Pollan ainda é carnívoro, porém, não come carne criada em confinamento nas CAFOs norte americanas. Ele diz que não consegue, depois de tudo que presenciou para fazer o livro. Ele come carne de fazendas pequenas, de boi de pasto, produtos que são mais caros e menos disponíveis. Por isso come menos carne hoje em dia. Ainda come, porém sabe a procedência.

Uma opinião dele que eu concordo em gênero, número e grau é a volta da sinergia entre animais e plantações nas fazendas. Hoje em dia, ou as fazendas são exclusivamente de plantações, ou exclusivamente de animais. Antigamente, o sistema elegante de deixar o esterco dos animais nutrir as plantações, e deixar as plantações alimentarem os animais, funcionava muitíssimo bem. Ao eliminarmos esse sistema, temos dois problemas: 1) déficit nutricional na fazenda (forçando o agricultor a usar fertilizantes a base de nitrogênio), e 2) poluição causada pelos lagos de esterco de animais em confinamento. Em um sistema em sinergia, esse esterco seria destinado a ser fertilizante das plantas. Teríamos tão menos problemas se todas as fazendas usassem esse modelo...

Mas você pode votar. Votar com seu garfo, 3 vezes ao dia. Pollan lembra que mesmo se você fizer uma opção mais ética por dia, já ajuda imensamente a tornar o mundo em que vivemos melhor. E não estou exagerando. é a pura verdade.



Fonte: Revista Time

27 setembro 2010

Discussão sobre orgânicos: valem a pena ou não?

A Revista TIME, em Agosto, publicou uma reportagem sobre alimentos orgânicos - o quanto disso é só moda e o quanto realmente é verdade. Para um mercado que representa apenas 3% do total de alimentos vendidos nos EUA, o barulho é muito grande. O artigo bate na tecla que, mais importante que comer orgânicos, é deixar de comer comida altamente processada, cheia de sódio, HFCS, gordura do "mal", etc. Se vc tiver que escolher entre comer uma maçã não orgânica e não comer uma maçã, escolha comer a maçã convencional. Apesar de correr o risco de ter vestígios de pesticidas na casca, os benefícios de comê-la superam essa desvantagem.

É claro que, em se tratando de animais, a coisa muda de figura. Como diz o Bev Eggleston, dono da EcoFriendly Foods, se você está criando algo com sistema nervoso e circulatório, ele merece respeito. Como se não bastasse, gado que é criado à base de pasto tem maiores proporções de ômega 3/6, um balanço que é notável por trazer melhoras nas funções cognitivas, reduzir o risco de câncer e de doenças cardíacas.

O grande problema é que, para sustentar 309 milhões de pessoas nos EUA, a agricultura orgânica sozinha não dá conta. Que dirá os 6,8 bilhões de pessoas no mundo. A população do mundo deverá ser de 9 bilhões de pessoas em 2050. Só 5% de terra arável do planeta ainda está sem exploração. E não há como voltar ao cenário bucólico de cada um cultivando seu próprio alimento, renovando a terra, plantando, colhendo, etc. Ninguém tem tempo pra fazer isso. O mundo não iria pra frente. Quer queira ou quer não, o mundo evoluiu para a chamada agricultura industrial. Foi um avanço. Se não tivemos limites, aí sim devemos questionar. Se abusamos dos produtos tóxicos, devemos levantar a bandeira. Mas retroceder, não podemos. Não tem jeito, ou vamos passar fome.

A idéia é: agricultura orgânica e convencional têm de coexistir. A orgânica deve ensinar suas melhores práticas à convencional. A convencional tem de adaptar sua busca incessante de produtividade ao uso mais racional de agrotóxicos e menos degradação do solo.
Cabe à você, consumidor, saber o que deve escolher de cada. Neste blog já temos posts
que indicam quais são os produtos de cultivo convencional que podem ser consumidos sem maiores preocupações, e quais devem ser preferidamente orgânicos.

A revista ainda indica, por exemplo, que o ovo deve ser comprado orgânico, sempre que possível, devido ao tratamento dado aos animais. O leite, também, pelo demasiado acúmulo de química no leite que os americanos tomam. E carne também, se você puder pagar. Melhor pra saúde, pra sua segurança (menores riscos de E.coli), e melhor pros animais.

Fonte: Time Magazine

23 setembro 2010

Curiosidade: você sabe como são feitos os cereais de milho?


Quando come uma tigela de "corn flakes' no café da manhã, alguma vez você já parou pra pensar como o milho chegou até aquela forma?
Assisti um programa (O Laboratório Gastronômico de Jimmy, no GNT) que mostra exatamente como isso acontece. Primeiro todos os nutrientes e vitaminas do milho são removidos, para depois serem adicionados artificialmente novamente por meios indutriais. Do contrário, os flocos de milho seriam inviáveis, pois estragariam muito rápido. Porque, o que faz o alimento se deteriorar mais rápido, são justamente seus nutrientes.

Bom, eles sao feitos de milho, e isso tudo mundo sabe. Grãos de milhos secos
têm seu farelo, germe e cascas removidos por métodos bem complicados se tentarmos fazer em casa. A indústria faz isso em minutos. Então fica-se somente com o amido de milho, que é praticamente sem sabor, e coloca-se este amido para cozinhar em pressão, por 90 minutos, mas com xarope de malte para adicionar algum sabor.

Depois de quase 2 horas,os graozinhos ficam inchados, e sao colocados em secadores para eliminar toda a água. Então, passa-se o milho em uma prensa para tomarem o formato de flocos, que é o que conhecemos, e depois são tostados.

Como removemos as vitaminas, agora é hora de adicioná-las de volta, juntamente com sal e açúcar para dar mais sabor. Então faz-se uma poçãozinha de vitamina B com água e sal,e ferro, etc (coisas que você vê anunciadas na embalagem), e espalha-se nos flocos essa mistura para que eles se tornem vitaminados!

E voilá! Temos os famosos flocos de milho prontos... Dá trabalho né? Tem certas coisas que é melhor comprar pronto mesmo! :-)

Quem inventou isso? No sanatório de John Harvey Kellogg, em Battle Creek, Michigan, EUA, o irmão de John, Will Keith, esqueceu no forno uma maçaroca de milho que seria servida aos pacientes. Como eles não podiam se dar o luxo de perder quilos de milho, John e Will tomaram a massa e passaram-na num rolo. O milho endurecido, porém, quebrou-se em mil pedacinhos. John ficou maravilhado com os flocos de milho – corn flakes em inglês. “Isso cairá bem no desjejum”, comentou. Era 14 de abril de 1894, e dali em diante os cafés-da-manhã do mundo inteiro não seriam mais os mesmos.

Fonte: da invenção, a Super Interessante.
do modo de fazer, o Laboratório de Jimmy

19 setembro 2010

925 milhões sofrendo de fome crônica no mundo.


No dia 14 de setembro, a FAO (ONU) publicou que o número de pessoas que passam fome no mundo diminuiu, porém, permanece altamente inaceitável. 925 milhões de pessoas vão sofrer fome crônica em 2010 (98 milhões a menos que o 1,023 bilhão reportado em 2009). O diretor da FAO disse que a fome continua a ser a maior e mais escandalosa tragédia do mundo - uma criança morre de subnutrição a cada 6 segundos.

Triste né? E chocante. 925 milhões de pessoas é MUITA GENTE. Apesar desse número ter diminuído, em decorrência do crescimento econômico de países em desenvolvimento, a tendência agora é pessimista novamente, visto que os preços dos alimentos podem ter uma alta este ano, devido, principalmente à crise de suprimento de trigo na Rússia, que vetou suas exportações deste produto. Assunto pra outro post.

Em 2000, a ONU estabeleceu os 8 objetivos do milênio, dentre os quais estava diminuir a proporção da população mundial de 20% para 10% até 2015. Porém, a proporção atualmente está em 16%, a 5 anos do prazo final..

A fome é um problema estrutural. O fato do número de pessoas com fome em alguns países aumentar, mesmo com relativo desenvolvimento econômico, comprova isso.

Alguns outros fatos interessante do release da FAO:
  • 2/3 das crianças subnutridas do mundo, que podem vir a morrer em consequência disso, estão concentradas em apenas 7 países: Bangladesh, China, Congo, Etiópia, Índia, Indonésia e Paquistão.
  • A proporção de pessoas subnutridas permanece a mais alta na África subsaariana (região do continente ao sul do Deserto do Saara) - 30%, ou 239 milhões de pessoas.
  • Na América Latina, o Caribe, a Guiana, Jamaica e Nicarágua já atingiram o objetivo dos Millenium Goals, e o Brasil está quase lá.

Mas o que fazer pra tentar melhorar estes números?

Um paper da OXFAM (um grupo de ONGs que lutam contra a pobreza e injustiça) sugere ações que podem ajudar os MDG (objetivos do milênio para o desenvolvimento) da ONU. Algumas delas são:

  • A curto prazo, prover assistência pra quem já é subnutrido, através de programas de nutrição e assistência alimentar;
  • A longo prazo, fortalecer a resiliência e capacidade da população de produzir alimentos.
  • Regulamentar os mercados de commodities de alimentos - para evitar especulação e volatilidade dos preços nos bens essenciais;
  • Priorizar ações baseadas na infra-estrutura existente, evitando a criação de novos mecanismos que vão fragmentar esforços para reduzir a fome.
A agência recomenda ainda ações específicas para os países desenvolvidos e para os em desenvolvimento.

O tempo está correndo, e corre-se o risco de não se atingir os objetivos estabelecidos 10 anos atrás, com o envolvimento e consentimento dos principais países e dos representantes responsáveis de cada um deles. É hora de acelerar.

17 setembro 2010

High Fructose Corn Syrup x Corn Sugar



A associação de produtores de milho americana submeteu um pedido ao FDA (US Food and Drug Administration) para mudar o nome do xarope de milho de alta frutose - Hight Fructose Corn Syrup (HFCS) para açúcar de milho (corn sugar). HFCS = uma mistura de frutose e glicose.

Alguns cientistas têm indicado em suas pesquisas que o consumo de HFCS de alguma maneira corrompe as funções metabólicas normais do nosso organismo, mas os resultados ainda são inconclusivos. Assim, por enquanto o aviso é de que o HFCS é tão prejudicial quanto o açúcar de cana, ou de beterraba, e abusar de qualquer um deles faz mal à saúde.

Devido à associação de HFCS com os altos índices de obesidade do país, consumidores andam procurando a lista de ingredientes dos produtos, e se acham este ingrediente por lá, evitam comprar. Assim, os produtores/refinadores de milho foram imensamente prejudicados, pois as indústrias estão procurando substitutos para este produto, dada sua má fama. Alguns produtos ultimamente até colocam em suas embalagems "HFCS free", assim como indicam "trans fat free, cholesterol free", etc,

Mas seria realmente o HFCS a nova gordura trans? Será que esse temor tem fundamento? Bom, sabemos que as pesquisas de nutrição, a cada vez nos induzem a pensar diferente.. Antigamente a gordura era coisa do mal, depois o carboidrato simples virou coisa do mal, agora é a gordura trans o nosso inimigo da vez... Por enquanto, os pesquisadores ainda não conseguiram concluir razoavelmente que o xarope de milho de alta frutose (ufa!) é prejudicial... Mas, se olharmos pra trás, nada impede de eles falarem que faz mal hoje, e daqui 2, 3 anos, redimirem o produto da culpa.. Ou seja, pesquisas nutricionais oscilam.. Marion Nestle, pesquisadora renomada e autora de vários livros sobre o assunto, disse que é realmente difícil levar a certo as pesquisas nutricionais. Nem mesmo os pesquisadores entram em acordo.

Quantas vezes você já viu recomendações do tipo: comer carne vermelha 42 minutos antes de treinar musculação auxilia no metabolismo. Ou: comer chocolate seguido de chá de pimenta antes de dormir eleva a serotonina (??). Tá bom, estou exagerando, mas o que quero ressaltar é que é melhor ser racional. Nada que é demais faz bem, em se tratando de comida, especialmente açúcar e gordura. E ponto final. Certo?

Fonte: NYTimes

14 setembro 2010

15 Alimentos que você NÃO precisa se preocupar em comprar orgânicos


Em contrapartida, de acordo com o mesmo estudo citado no post anterior, esses são os produtos seguros, ou seja, onde a probabilidade de haver resíduos de pesticidas é a menor de todas.

  1. Cebola
  2. Abacate
  3. Milho
  4. Abacaxi
  5. Manga
  6. Ervilha
  7. Aspargo
  8. Kiwi
  9. Repolho Roxo
  10. Beringela
  11. Cantaloupe
  12. Melancia
  13. Grapefruit
  14. Batata Doce
  15. Melão

Fonte: Environmental Working Group’s Shopper’s Guide to Pesticides

12 alimentos que você deve preferir orgânicos

Estes são alguns dos alimentos que você deve comprar orgânico, devido ao fato de que eles acumulam uma grande quantidade de agrotóxicos depois de colhidos. Se você se preocupa com a quantidade residual principalmente de pesticidas em sua comida, evite consumir os produtos abaixo fruto de cultivo tradicional, a menos que você conheça de onde vem:



  1. Pêssegos
  2. Aipo
  3. Couve "galega"
  4. Morangos
  5. Maçãs
  6. Mirtilos
  7. Nectarinas
  8. Pimentões
  9. Espinafre
  10. Cereja
  11. Batata
  12. Uvas

Fonte: Environmental Working Group’s Shopper’s Guide

13 setembro 2010

Uma luz no fim do túnel..?


Por indicação de uma amiga - e leitora desse blog - fui ler a reportagem da Veja desta semana que comenta sobre uma nova lei em Ohio, EUA, que determina que os frangos lá criados tenham um espaço mínimo para abrir as asas e ciscar o chão. Para vocês que ficaram chocados ao ler essa frase, é comum que em produções industriais de aves elas fiquem em gaiolas super apertadas, onde eles não podem desempenhar nenhum de suas ações "naturais": ciscar, bater asas, etc. O seu bico é cortado para que elas não se machuquem.

Várias pessoas alegam, como a frase da sacola da figura ao lado, que se os abatedouros tivessem janelas de vidro, e pudessem ser vistos por todos, todo mundo seria vegetariano, tamanho o impacto do que acontece lá dentro causa nas pessoas. Há histórias de trabalhadores que ficam perturbados mentalmente por ver tantos animais sofrendo por um período prolongado.. Por isso recomenda-se que os trabalhadores façam um rodízio de funções.

O Brasil, como maior exportador mundial de carne de boi e de frango, obedece a certas leis por exigência de seus importadores. Mas ainda temos que melhorar muito. Porém, assim como nos EUA, as associações de produtores tendem a oferecer resistência, alegando - não sem razão - que a produção de carne do país contribui e muito para o superávit do comércio exterior brasileiro. Há de se achar um balanço para evitar a crueldade, e ao mesmo tempo manter a eficiência. Se é lei que devemos sedar os animais antes de abatê-los, essa lei deve ser seguida por todos, por 100% dos abatedouros, e não apenas pelos que se destinam à exportação. A fiscalização deve incentivar o cumprimento, e não ser justamente mais incisiva nos que sabemos que já cumprem as leis. Enfim, procupações novas, problemas antigos.

08 setembro 2010

Qual a nossa pegada ecológica?


Ou melhor, pra começar, sabem o que é pegada ecológica (Ecological Footprint)?
A melhor resposta, na minha opinião, é a que está no site da WWF: A Pegada Ecológica de um país, de uma cidade ou de uma pessoa, corresponde ao tamanho das áreas produtivas de terra e de mar, necessárias para gerar produtos, bens e serviços que sustentam seus estilos de vida. Em outras palavras, trata-se de traduzir, em hectares (ha), a extensão de território que uma pessoa ou toda uma sociedade “utiliza” , em média, para se sustentar.
O site da WWF ainda tem um teste pra ver qual a sua pegada. O meu resultado ficou bem feio... precisaríamos de 3 planetas pra dar conta se todos tivessem o mesmo estilo de vida que eu tenho. E olha que nem carro eu uso!! Mas há dicas no site de como diminuir o tamanho da pegada! Vamos tentar né! :-)

05 setembro 2010

Alianças corporativas em prol da sustentabilidade - Jason Clay

Se tiverem tempo, vejam essa palestra - tem legenda em Português - do Jason Clay (presidente da WWF), que está trabalhando com grande empresas com o intuito de transformar o mercado em que elas atuam. Pois como as 100 maiores empresas do mundo são responsáveis por 25% do consumo das commodities que Jason e seu time mapearam como as mais críticas em termos de sustentabilidade, elas têm um poder de impacto impressionante.

Fatos interessantes que Clay comenta no vídeo:
  • em 1990 paramos de ter uma relação sustentável (1:1) com nosso planeta, e hoje vivemos de maneira não sustentável, usando 1,3 do planeta.
  • O crescimento da população assusta, porém o consumo de cada um de nós também tem relação com o caos que estamos vivendo. O americano médio consome 43 vezes maios que o africano.
  • A pegada ecológica de um gato europeu ao longo de seu ciclo de vida é maior que a de um africano. (um ser humano africano).
  • "Tudo que é sustentável num país com 6 bilhões de pessoas não será sustentável num mundo com 9 bilhões de pessoas."

Frankenfoods?


Frankenfood. Comida do Frankestein. Assim, nos anos 90, que foram apelidados os alimentos transgênicos por pessoas como Paul Mccartney, por exemplo, em sua campanha "Say no to GMO". Bom, apesar de toda essa movimentação de ativistas querendo causar impacto - e medo- nos consumidores, hoje 75% da soja e 25% do milho cultivados mundialmente são transgênicos. Traduzindo: há chances altíssimas de todos nós já termos comido - e estarmos comendo regularmente - OGMs. E nem sabíamos disso.
Como diz uma reportagem da última revista Exame, hoje as pesquisas não se concentram apenas em transgênicos que são resistentes a pragas e/ou pesticidas. Agora há foco nos "super alimentos", aqueles que são notavelmente mais ricos em determinada substância que faz bem à saúde de quem a consome. Por exemplo, a Monsanto só está aguardando a aprovação do governo americano para que se começe a comercialização do óleo da soja que foi especialmente desenvolvida para ter mais ômega 3. O gene das algas que são a base alimentar do Salmão (que é famoso por ter altas concentrações de ômega 3) foram isolados e enxertados na soja. Como resultado, a nova variedade de soja produz, em menos de meio hectare, a mesma quantidade de ômega 3 presente em 10 000 porções de salmão. A idéia então é produzir alimentos (barrinhas de cereais, margarinas, molhos) com esse benefício do alto teor de ômega 3.
O que vem alavancando as discussões sobre alimentos transgênicos são as crises de escassez de comida. Regiões como a África, onde se consome muito pouco e portanto soluções de alta produtividade, alto potencial nutritivo e poucas perdas são bem vindas. Previsões como as da ONU, que estima que a população mundial crescerá em 30% até 2050. Aumento do consumo de carne pela classe média de número esmagador de países como China e Índia. Todos esses fatores levam os cientistas e empresas a pensar em soluções para aumento da produção de alimentos. E ninguém vem prosperando tanto ultimamente nessa área como a indústria de OGMs.
Sim, tivemos a Revolução Verde, que aumentou a produtividade das plantações por meio de técnicas de cultivo e irrigação. Porém, há alegações de que tais técnicas não serão suficientes para produzir o bastante para o tamanho da população mundial no futuro.
Além disso, defensores dos transgênicos alegam que eles são tão vantajosos quanto a agricultura orgânica, no sentido de que usam menores volumes de pesticidas e fertilizantes. Isso é uma alegação consistente. Pensar em equiparar o aumento da produção de alimentos previsto com proporcional aumento no uso desses produtos não é sustentável. A terra vai colapsar. Os sistemas ambientais vão colapsar. Há de se pensar em alternativas. Os OGMs seriam uma delas?
Bom, eles já estão aí. E tem mais: A empresa americana AquaBounty está esperando, apesar de protestos de ativistas, apenas a aprovação final do governo para poder comercializar de seu salmão transgênico - que, atinge o tamanho de abate na metade do tempo dos salmões "tradicionais". Além disso, pesquisadores da Universidade de Guelph (Canadá), estão atrás da aprovação para seu Enviropig (o "ecoporco"). Eles enxertaram um gene de rato nos do porco, para que suas fezes sejam menos poluentes, e garantem que sua carne é absolutamente segura para consumo humano.
O maior motivo de várias entidades serem contra os transgênicos, é o fato deles serem recentes, e o receio de estarmos sendo uma grande geração de cobaias. De fato, só saberemos se há consequências sérias de seu cultivo ou consumo daqui a algum tempo. Mas a pressa para aprovação é grande por parte das empresas. Como demoram muito pra ser aprovados, a pesquisa é inviabilizada, pois a patente pode expirar enquanto a empresa ainda luta por sua comercialização.
Como afirma a reportagem, a empresa Syngenta participou da criação do Golden Rice, arroz enriquecido com vitamina A , que é responsável por mais de 1 milhão de mortes por ano em países como Bangladesh e Vietnã. Esse produto não chegou ao mercado ainda, está pendente de aprovacão. Produtos similares, como a cenoura rica em cálcio, o tomate com mais antioxidantes e a mandioca fortificada com ferro, zinco e outras vitaminas, já foram desenvolvidos por cientistas, mas é impossível saber quando chegarão ao mercado. Como têm menor potencial comercial que soja ou milho, quem bancará os custos da aprovação?
O interessante é que as pesquisas para transgênicos vem se tornando comum em países do terceiro mundo. Em Uganda, há estudos para lançar a banana resistente a pragas, na China, já foi aprovado o plantio de arroz e milho transgênicos; a Embrapa lançou uma soja transgênica, feita em parceria com a Basf. O próximo alvo da Embrapa é um dos pilares da mesa brasileira, o feijão. O objetivo é criar um feijão que resista à praga do mosaico dourado, vírus que pode destruir até 100% da safra.
Por enquanto, a maioria dos transgênicos tem beneficiado o produtor (maior produtividade, maior resistência a pragas, menor ciclo de produção). A tendência agora é beneficiar também o consumidor - doses elevadas de vitaminas, conter um componente interessante à saúde em doses elevadas (vide o caso do ômega 3). Agora resta esperar a aprovação. A revolução já começou. Cedo ou tarde, eles vão estar na sua mesa.

Fonte, dentre outras: Revista Exame, 31/08/2010

02 setembro 2010

Sobre o comércio de alimentos - Japão

Pessoal, videozinho muito legal - e também muito parecido com aquele do Canadá que já postei por aqui - sobre a quantidade de alimentos que o Japão importa do exterior, e o quão vulnerável ele se tornou desde que os padrões alimentares do seu país começaram a mudar (agora os japoneses estão comendo mais carne e gordura, contrariamente a sua dieta à base de peixe, arroz e vegetais de antigamente).
Este país agora importa uma vasta quantidade de alimentos de um número restrito de fornecedores do exterior, o que os coloca em uma situação delicada.
No final do vídeo, o autor chama os telespectadores a pensar na situação mundial do comércio de alimentos como responsabilidade de todos. Ao fazer uma escolha no supermercado, estamos "votando" em quais serão os alimentos que terão demanda (os nacionais x importados, os sustentáveis x industriais, os caros x baratos).



Via Maffchannel

Manteiga x Margarina

Esse é um tópico interessante... e polêmico. A gente está acostumado a ouvir dizer que margarina é melhor que manteiga, que manteiga não faz bem à saúde, etc... Mas vamos pensar de maneira clara: do que é feita a manteiga? Creme de leite e sal.
E a margarina? Bom,
a margarina é tem 80% de gordura e 16% de água. E logicamente, vários outros ingredientes (água ou gordura solúvel) são adicionados para dar sabor e aroma. Também há gorduras solúveis em água: leite desnatado, sal, preservativos permitidos como láctico, cítrico, tartárico e ácido fosfórico e/ou leite. Ainda, corantes naturais (beta-caroteno/palma carotenos), sabor (aroma de manteiga), lecitina, vitaminas, antioxidantes, emulsificantes e estabilizantes.
Lendo isso, o que parece mais sensato? Comer manteiga ou margarina. Eu já fiz minha escolha. Até porque manteiga não tem comparação em termos de sabor. É só maneirar. Mas isso vale pra tudo na vida, certo? ;-)
Vejam o videozinho abaixo falando da origem da margarina e da manteiga. Veja de quê cada uma delas é feita, e também o fato interessante de que ainda há locais que proíbem o corante amarelo para margarinas, para que não se dê a ilusão de que o consumidor está comprando manteiga..

Butter & Marge: A Tale of Two Spreads from Outside Line on Vimeo.



Orgânico x Sustentável

Via Good

Vocês acreditam que uma companhia multinacional gigante possa ter os mesmos interesses que uma pequena empresa de produtos orgânicos? Independentemente, isso é o que vem acontecendo. Gigantes de alimentos vem comprando empresas de produtos orgânicos, e continuam a comercializar seus produtos com os nomes dessas empresas, para que se não perceba tal movimento.
O infográfico acima mostra quem realmente é dono das principais marcas de produtos orgânicos americanas. Interessante, pra dizer o mínimo.
A questão é: a partir do momento que uma empresa de produtos orgânicos passam a operar sob as diretrizes de gigantes industriais, elas continuam fiéis ao seu propósito? Logicamente, seus produtos continuarão a ser orgânicos, do contrário eles perderão sua certificação. Mas serão sustentáveis? É coerente um produto ser orgânico mas não ser sustentável? Faz sentido?

01 setembro 2010

A revolução da comida


Oi pessoal, ando sumida ultimamente porque estava de férias. Agora voltei cheia de coisa pra escrever!
Vocês por acaso assistiram o programa do Jamie Oliver : Food Revolution (a revolução da comida, que está indo ao ar no GNT aqui no Brasil)? É muito interessante. Lógico que é editado de maneira a provocar um choque nos telespectadores, afinal de contas a audiência é importante, mas as causas que levaram o programa a existir são intrigantes.
Jamie mostra sua experiência em uma cidade americana(Huttington, West Virginia), conhecida como a cidade menos saudável de lá. Logicamente enfrentou resistência da população, que o achou pretensioso demais para sair da Inglaterra e se alojar em sua cidade para lhes dizer o que devem comer. Mas o problema é que a maioria da população está com sobrepeso e morrendo de doenças relativas à obesidade, e Jamie resolveu então começar pelas crianças: mudando a merenda escolar.
Num dos episódios mais interessantes até agora, ele mostra às crianças como são feitos alguns nuggets de frango (item presente no almoço ou jantar ou até em ambos de todas as crianças de lá) . Ele pega um pequeno grupo de alunos da escola de seu projeto e mostra toda a carcaça do frango e partes de sua carne sem proveito comercial sendo moídas no processador, depois adicionadas de farinha e aditivos químicos para realçarem o sabor de "frango"- até aí, as crianças faziam cara de desgosto e nojo.
Então, Jamie pega pedacinhos pequenos dessa mistura, os achata em forma de nuggets e empana com farinha. Então coloca os pedaços na frigideira. E finalmente pergunta: vocês comeriam isso? A resposta (surpreendente): Siiiimmmmmmm.
Jamie fica perplexo. Pergunta por que, mesmo vendo as coisas nojentas que fazem parte da produção do frango empanado, as crianças comeriam os nuggets. A resposta: Porque estamos com fome.
A questão é: Pode ser lixo, carcaça, aditivo, químico, soja e milho de excedente de produção, enfim, qualquer porcaria. Apenas o apresente de maneira bonitinha, adicione realçadores de sabor e coloque em uma embalagem atrativa. As crianças comerão. Chocante, não?


É, não é boato mesmo...
Apesar de esperarmos que qualquer coisa feita de material orgânico se deteriore / estrague depois de certo tempo, um teste feito pela artista Sally Davis com um lanche e um pacote de fritas do McDonalds vem provando o contrário... Depois de 137 dias (completados agora em Agosto último) esses itens parecem ter pouco sofrido algum tipo de alteração.. A foto acima comprova isso.
Agora, se comida estraga, devemos chamar isso de comida? Ou eles se enquadram em uma categoria especial?
Se tiver interesse, pode checar o progresso completo do experimento aqui.