Help those suffering in the Horn of Africa

27 outubro 2010

Orgânico: por trás do conceito.

     
         O nosso bom senso nos diz que alimentos orgânicos são alimentos melhores, certo? Melhores, de qualquer maneira, do que os alimentos com organofosfatos, antibióticos e hormônios de crescimento, arsênico, ração composta de vísceras e ossos moídos de outros animais, enfim, essa bizarrice toda. E todo dia, vemos crescer nos supermercados a oferta de produtos orgânicos, agora não só mais apenas frutas e vegetais, mas também leite, bolachas, geléias, macarrão, etc..

Todos nós pensamos que ao comprar orgânicos, estamos fazendo um bem a nossa saúde e também ao planeta... Stop right there.. Olhe de perto agora, e você vai ver que a narrativa pastoral, com vaquinhas felizes saltitantes produzindo seu leite livre de produtos que fazem mal à saúde, pode ter questionamentos. Por exemplo, nos EUA, uma única empresa (Horizon) controla 70% da produção e venda de leites orgânicos. Ela foi comprando  pequenos sítios familiares produtores, e agora é uma empresa de capital aberto de 127 Mi de dólares. Agora, o leite orgânico desta empresa é "ultrapasteurizado" - um processo a altas temperaturas que "mata"  o leite, destruindo suas enzimas e muitas de suas vitaminas. A razão de fazê-lo é que assim ele resiste a transportes de longas distâncias, por mais tempo.

O problema que o nosso entendimento comum de orgânico seria "menos processado, melhor para os animais, mais local". Mas isso não é mais garantia nos produtos orgânicos. No caso do leite acima, a empresa não está mentindo quando diz que o leite era orgânico. Os animais comem grãos (orgânicos) em vez de pasto. São confinados (mas sem antibióticos preventivos). Têm produção em escala (de leite orgânico).

O motivo pra tudo isso é óbvio: Orgânicos são o segmento alimentar que mais cresce economicamente nos últimos anos.  Sustentou 20% de crescimento ao ano por mais de uma década - e assim, acabou atraindo, justamente os conglomerados agroindustriais que eram opositores ao movimento no começo. Hoje, eles compram as empresas de orgânicos, porém não mudam seu nome... Para que o consumidor não perceba que está tudo indo pro mesmo pote. Há também um movimento surgindo agora chamado : Beyond Organic, que vai além do simples fato de não se ter certos produtos usados na produção de alimentos, mas também se atenta para princípios de relações justas de trabalho, uso de suprimentos locais, venda somente a áreas próximas (para não consumir muito combustível e assim "anular" o efeito benéfico da produção orgânica.

Logicamente, é um progresso ter grandes conglomerados vender produtos orgânicos ao invés de ir contra eles. O problema é se todo o suprimento de orgânicos vier dessas indústrias. Orgânico perde o sentido, perde seus valores (produzir localmente, tratar bem os animais, preservar fazendas familiares, uma cadeia de alimentos mais confiável), se isso acontece. Pra se ter uma idéia, um morango que vem da Europa pros EUA traz 5 calorias alimentares, versus 435 calorias de combustível consumidas para cada unidade.

Joel Salatin, o fazendeiro modelo do filme Food, Inc, rejeitou o selo de certificação orgânico. Ele alega que o que ele faz vai além do orgânico, e não simplesmente substitui seus suprimentos para obedecer regras.

Fonte: Mindfully - Organic Complex

Nenhum comentário:

Postar um comentário