Help those suffering in the Horn of Africa

27 julho 2010

Pollan - o mestre


In Defense of Food, The omnivore's dilemma, Food Rules. Esses são três livros do Michael Pollan, jornalista, ativista e professor de Jornalismo da UC, Berkeley. Ele escreve livros sobre todos os lugares onde a natureza e a cultura interceptam. Comida é um deles.
Ainda mencionarei Pollan em muitos posts por aqui, mas pra começar, quero mostrar algumas dicas que aparecem em seu livro - Em Defesa da Comida - Um Manifesto

1. Não coma nada que sua avó não reconheça como comida. (isso quer dizer: sua vó reconheceria aquele muffinzinho sabor geleia de limao e ervas finas com mirtilo como comida?)
2. Evite comidas contendo ingredientes cujos nomes você não possa pronunciar . (isso vale pra maioria dos alimentos altamente processados. Veja o rótulo deles - vc vai cair de costas. A lista de ingredientes é ENORME. E parece tudo saindo do laboratório de química. Não são alimentos. São aditivos.)
3. Não coma nada que um dia não possa apodrecer. (isso vale pra dar preferências aos alimentos frescos versus os enlatados, encaixados, congelados e processados. Da mesma maneira que eles demoram a se decompor fora do seu organismo, eles ficarão alojados em você por um tempinho depois que você consumí-los).
4. Evite produtos alimentícios que aleguem vantagens para sua saúde. (o recado aqui é que nenhum alimento processado será melhor que grãos, frutas e legumes. Veja que as frutas não precisam de rótulos dizendo: alto teor de vitamina C, bom para o seu coração, etc etc etc... isso já está implícito quando se come algo da natureza diretamente pra você. Agora, se o alimento foi modificado, processado, condensado, ele precisa de alegar que contém várias vitaminas, minerais - adicionados industrialmente - para que se "compense" comer-los).
5. Dispense corredores centrais dos supermercados e prefira comprar nas prateleiras periféricas. (lá é onde normalmente ficam os alimentos frescos, perecíveis).
6. Melhor ainda: compre comida em outros lugares, como feiras livres ou mercadinhos hortifrutis. (a chance de se encontrar produtos mais frescos, e que passaram por menos distribuidores - portanto com maior chance de lucro ao produtor - é bem maior).
7. Pague mais, coma menos. (Parece contraditório, mas quase sempre quanto mais você paga pela sua comida - frutas e legumes orgânicos, frescos, sementes de agricultura sustentável, grãos de agricultura biológica - melhor você estará comendo. E quanto menos pagar - fast foods - mais porcaria botará pra dentro).
8. Coma uma variedade maior de alimentos.
9. Prefira produtos oriundos de animais que pastam. (Aqui no Brasil não temos problemas com isso - ainda - mas é que os norte americanos têm como base o confinamento de gado, e o fato deles comerem grãos durante toda a sua vida - assunto pra outro post - torna sua carne menos saborosa, mais susceptível a doenças e grande poluidora do meio ambiente).


Pra quem gostou das dicas, o site do Pollan está abaixo. Os livros dele também já foram publicados no Brasil e valem a pena! O Food Rules é bem prático, em forma de dicas, e não de texto. Pra quem quer imergir no assunto, sugiro o The Omnivore's dilemma. Nós, como onívoros, devemos saber o que comemos, certo? Devemos comer de tudo, certo? Nem sempre.

http://michaelpollan.com/

Risco ou Solução


O que vocês acham dos alimentos transgênicos? Mais um risco pra gente correr, ou uma solução para os problemas da fome desnutrição mundial? Enfim, se formos analisar a fundo, fica difícil separar a linha tênue entre os interesses econômicos na biotecnologia (produções maiores a menor custo) versus os benefícios à sociedade e ao meio ambiente trazidos pelo cultivo de organismos geneticamente modificados.

Os alimentos, logicamente contêm nutrientes orgânicos, e o alimento Transgênico possui organismos de outras espécies (mais comumente bactérias) - algumas propriedades dessas bactérias são desejáveis e se espera que elas se manifestem nos alimentos em que foram inseridas. Há genes bacterianos que, por exemplo, dão resistência a pragas da lavoura, há outros que são resistentes a inseticidas/pesticidas necessários à produção em grande escala (tanto o OGM quanto o pesticida são fabricados pela mesma empresa, got it?)

Assim, olhando de longe, transgênicos parecem ser "the way to go"... certo? São fáceis de predizer, de alta produtividade, resistentes a remédios, completamente controlados... Aí é que está. Até que ponto esses genes realmente alteraram a célula em que foram inseridos? Tenho lido a favor e quanto mais leio, menos sei... E parece que o mundo científico está longe de chegar num acordo.. Vou confessar que quando leio de um lado, entendo seu ponto de vista, quando leio de outro lado, também entendo perfeitamente suas acusações e receios... Na realidade, o assunto dos OGMs se mescla com vários outros assuntos frágeis de impacto em todo o mundo - poder, grandes corporações, ética, meio ambiente, pequenos agricultores, fome, subnutrição... Ou seja, os nervos ficam aflorados e o consenso parece cada vez mais difícil.

O Grande risco que EU vejo aí é que a produção seria controlada (por meio de patentes) e se os transgênicos fossem disseminados, os pequenos agricultores ver-se-iam obrigados a comprar sementes pelo preço imposto pelas grandes empresas. Já há algo do tipo ocorrendo na América do Norte, há fiscais dessas empresas monitorando pequenas propriedades para se certificarem que não estão plantando suas sementes sem o devido registro/pagamento. Seria algo como tomar propriedade de algo da natureza.

Outra coisa importante. Como o advento dos transgênicos é relativamente recente, quem garante se eles realmente não são prejudiciais? E eu não estou falando de prejudicial ao meio ambiente (afetando cadeias alimentares), estou falando de prejudicial à saúde no longo prazo... Quem garante que não há conexão entre as doenças da modernidade (câncer, obesidade, problemas cardíacos) com os hábitos alimentares? enfim, é muita dúvida. E se for pra ficar com tanta minhoca na cabeça, eu prefiro optar pelo natural... Até que me convençam do contrário...

EM TEMPO: O Prêmio Nobel da Paz norte-americano, Norman Ernest Borlaug, dizia que a agricultura intensiva era a solução para a fome. Borlaug desenvolveu variedades de trigo e de um pacote de técnicas agrícolas para Índia, no Paquistão e nas Filipinas nos anos 1960, ajudando países do Terceiro Mundo a se tornarem autossuficientes na produção de grãos, rompendo um ciclo histórico de baixa produtividade e dependência extrema de chuva que matava de fome dezenas de milhões em certas regiões durante secas anormais.

Ele ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1970, e foi atacado por ambientalistas: o pacote de práticas agrícolas exportado para a Ásia, que depois virou padrão no mundo todo, incluía o uso maciço de fertilizantes à base de nitrogênio - poluentes da água - e levou à expansão acelerada da área cultivada no mundo, inclusive no Brasil, à custa dos ecossistemas. Mas, se mantivéssemos, por outro lado, os padrões de cultivo de anos atrás, sem o uso de fertilizantes, estaríamos agora sem terras de tudo... Predativismo também não funciona.

Dr. Borlaug dizia que as controvérsias sobre os alimentos transgênicos são emocionais, e até a presente data, nenhuma fonte científica indicou exatamente o que pode e o que não pode causar a bactéria que deu origem aos transgênicos, além dos potenciais fatores positivos que os transgênicos podem trazer como diminuição do custo, aumento da resistência na lavoura e etc.

E você, o que você acha?

22 julho 2010

HFCS - Um resumo da história.

Devido à maciços subsídios governamentais à produção de milho norte americana, a produção deste país alcançou patamares tão elevados, que, de alguma maneira, o excedente deveria ser escoado.

Por ser um produto relativamente barato, e de exportação não tão interessante para os principais compradores, ter-se-ia que dar um jeito de entuxar milho nos americanos mesmo. Agora, ele está por toda a parte: bolachas, salgadinhos, refrigerante, chocolates, catchup (sim, isso mesmo que vc leu), e mais um monte de coisa. Pra vocês terem uma idéia, 1 acre (em torno de 0,4 alqueire) produz milho o suficiente para adoçar mais de 51000 latas de refrigerante.

Você deve estar se perguntando sob que forma o milho entra em produtos como os citados acima. Sob a forma de HFCS - High Fructose Corn Syrup. O Xarope de Milho de Alta Frutose é usado como adoçante pela indústria de lá há muito tempo, e recentemente tem sido alvo de ambientalistas, nutricionistas, políticos engajados na causa sustentável, e outros. Como eles estão consumindo isso na forma de tantos produtos, que às vezes nem mesmo tomam conhecimento, isso pode ter alterado suas papilas gustativas - ou seja, eles não conseguem mais reconhecer certos níveis de doçura, pois sua papila se "acostumou" a encontrar frutose em tudo quanto é lugar.

A associação de refinadores de milho do país tem feito uma campanha massiva para educar as pessoas no sentido de que corn syrup é "natural". Agora minha opinião: por se tratar de um produto rico em açúcar e processado, é obvio que devemos evitá-lo, na sua proposta original, que é adoçar sucos, bebidas, etc, e muito mais ainda nessas aberrações processadas ao qual ele tem sido adicionado.

Bom, não é nunca demais ressaltar que é SEMPRE melhor dar preferência ao natural, fresco, coisas que vão estragar se você não comer. Resumindo: evite ao máximo coisas que podem ficar no seu armário por meses (e até anos) antes que pereçam. Não pode ser coisa boa pra colocar pra dentro. Claro que é conveniente, barato e rápido. Mas, podendo evitar, faça um favor à sua saúde. Este é um exemplo claro de que nós não sabemos o que contém os alimentos processados..

Um documentário que ainda não tive oportunidade de ver, mas que me recomendaram é o King Corn. Quando eu tiver a oportunidade de assistir eu escrevo mais sobre o assunto aqui..

http://www.kingcorn.net/

21 julho 2010

E pra começar

Venho ultimamente lendo muito sobre como os americanos conquistaram essa "fama" de população mais obesa do planeta. Também não é pra menos. As cadeias de fast food, tão celebradas por muitos de nós por serem um lugar de comida rápida, saborosa (?) e a preços acessíveis, tiveram sua origem por lá há um tempinho atrás, quando muitos de nós nem pensávamos nesta possibilidade. A partir daí, eles foram se aprimorando... Adicionando "sabores" artificiais para tornar as comidas mais saborosas e viciantes aos consumidores, ao mesmo tempo reduzindo o custo pros produtores de alimentos processados.. que podem produzir em maior escala, e assim diluir seus custos (já baixos), e ir adquirindo pequenos negócios que não conseguem competir com os grandes, e assim vão homogeneizando algo que era pra ser diversificado, e assim.......... Bom, já viu onde isso vai dar né? Com "isso", eu quis dizer o Blog. Porque o "isso" - situação que estamos vivendo - bom.. essa daí nós não sabemos onde vai dar. Temos uns palpites. E temos também soluções para revertê-la. Mas pra isso precisamos de boa vontade. No fundo, se pararmos pra pensar um pouquinho, veremos que está tudo ligado. Fome no mundo - obesidade no mundo - mal nutrição - tudo isso parte de decisões políticas e obviamente interesses comerciais, que ditam quando e onde a comida tem que estar disponível, e que tipo de comida servirá como base pra alimentação de milhares de pessoas. No caso dos EUA, tem sido o milho. Sim, praticamente tudo que se come naquele país tem milho. Mas isso é assunto pra outro post... To me empolgando aqui..

Que que é isso?

Olá, você, que veio parar aqui sem querer. Ultimamente ando meio preocupada demais com o rumo que essa humanidade está tomando (sim, eu faço parte dela). Resolvi fazer um blog pra expressar os comentários que tenho vontade de soltar quando leio sobre sustentabilidade, produção sustentável de alimentos, agricultura industrial, hábitos modernos, futuro da produção agrícola brasileira e mundial, epidemia de obesidade, enfim, tudo isso e mais um pouco em torno de cada coisa. Outra paixão minha é o café e sempre que tiver alguma novidade no assunto, vou postar aqui também, pra troca de idéias e opiniões. Enfim, esse é um trabalho despretensioso de quem anda lendo muito pra ficar com tanta idéia guardada só pra si. Bem-vindo (a)!