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05 fevereiro 2011

Cafeína: o que ela faz com você?

       Poucos sabem, mas a cafeína não é um simples estimulante, e funciona de modo diferente para cada pessoa – não funciona da mesma forma nem mesmo para a mesma pessoa, dependendo de circunstâncias como ciclo menstrual, por exemplo.
        O livro Buzz: The Science and Lore of Alcohol and Caffeine, de Stephen R. Braun, foi lançado em 1997, mas mantêm-se como o mais acessível tratado sobre o que se entende e o que não se entende sobre os efeitos da cafeína e do álcool ao cérebro, cientificamente falando. O que se segue é uma breve explicação sobre como a cafeína afeta a produtividade, retirada do livro Buzz e de outras fontes citadas ao fim do texto.
       A cafeína não deixa ninguém ligadão: Apesar de controvérsias, hoje em dia há um consenso sobre como um composto encontrado por toda a parte na natureza, a cafeína, afeta a mente.
Nota: cérebro humano quanto a cafeína estão longe de serem completamente entendidos e explicados pela ciência moderna.A todo momento em que você está acordado, os neurônios no seu cérebro estão atirando. Enquanto atiram as suas informações, eles produzem adenosina como um subproduto disso. Mas a adenosina está longe de ser um mero excremento. O seu sistema nervoso monitora ativamente a quantidade de adenosina através de receptores. Normalmente, quando o nível de adenosina chega a um certo ponto no seu cérebro e na medula espinhal, seu corpo vai começar a sugerir que você durma, ou pelo menos pegue leve.        
            A cafeína ocorre em todos os tipos de plantas, e parentes químicos da cafeína são encontrados no seu próprio corpo. Mas quando ingerida em quantidades substanciais, ela funciona como um imitador extremamente talentoso de adenosina. Ela vai direto para os receptores de adenosina do seu sistema e, graças às suas similaridades com ela, é aceita pelo seu corpo como sendo adenosina de verdade, entrando nos receptores..
               Mais importante do que apenas se encaixar, a cafeína na verdade se liga a estes receptores de maneira eficiente, mas não os ativa — eles ficam obstruídos graças ao formato particular e à composição química da cafeína. Com os receptores bloqueados, os estimulantes do próprio cérebro, dopamina e glutamato, podem trabalhar mais livremente. No livro, Braun compara os poderes da cafeína a “colocar um tijolo debaixo de um dos principais pedais de freio do cérebro”.
        É uma metáfora adequada por deixar bem claro que a cafeína não pisa no acelerador do nosso cérebro, ela apenas desativa um “um dos principais” freios. Há outros compostos e receptores que têm um efeito nos seus níveis de energia – GABA, por exemplo -, mas a cafeína é uma maneira básica de impedir o seu cérebro de se auto-sabotar, de certo modo. Tanto é que Braun escreve: “Você só consegue ficar ‘ligado’ na medida natural do possível para os seus neurotransmissores de excitação”. Em outras palavras, você não pode usar a cafeína para apagar completamente uma semana inteira em que ficou estudando até muito tarde da noite, mas pode usá-la para sentir-se com menos sono pela manhã após uma noite curta.
Estes efeitos variam, em duração e força, de pessoa a pessoa, dependendo de fatores genéticos, fisiológicos e de tolerância. Mas falaremos mais sobre isso daqui a pouco. O importante é perceber que a cafeína não é tem um efeito tão simples como um estimulante direto, como anfetaminas ou cocaína; o seu efeito na nossa capacidade de ficar alerta é bem mais sutil.
       A cafeína melhora sua velocidade, mas não necessariamente sua habilidade. O consenso geral nos estudos sobre cafeína mostra que ela pode melhorar a sua produtividade, mas principalmente em certos tipos de atividade. Para pessoas cansadas que estão realizando um trabalho relativamente direto, que não exige muito pensamento abstrato ou raciocínio, o café demonstrou aumentar a quantidade e a qualidade dos resultados.

          Tolerância e dor de cabeça: Por que tantos pacientes saindo do efeito dos anestésicos após uma grande cirurgia sentem dor de cabeça? É porque, em muitos casos, eles não estão acostumados a ficar tanto tempo sem café. A boa notícia é que, se eles esperarem só mais alguns dias, podem começar a poupar os efeitos do café para quando realmente precisarem.
          A medida que alguém começa a consumir cafeína regularmente, o corpo e a mente começam a desenvolver uma tolerância, então passa a ser necessário mais café para atingir o efeito que meia xícara costumava ter — quanto a isso, os pesquisadores todos concordam. Exatamente como a tolerância se desenvolve é que ainda não está muito claro. Muitos estudos sugeriram que, assim como acontece com qualquer vício em drogas, o cérebro tenta se esforça para retomar a sua função normal enquanto está sob “ataque” da cafeína, e ele faz isso se auto-regulando, criando mais receptores de adenosina.
          Um estudo de 1995 sugere que humanos se tornam tolerantes à sua dose diária de cafeína – seja um simples refrigerante ou um consumo desenfreado de espressos – em algum momento entre o sétimo e o décimo segundo dia. E a tolerância é mesmo bem forte. Um teste de uso contínuo de pílula de cafeína dividiu os participantes em dois grupos – deles ganhava astronômicos 900 miligramas por dia, enquanto o outro tomava apenas placebos. Ambos os grupos estavam praticamente idênticos em termos de humor, energia e estado de alerta depois de 18 dias. O pessoal tomando o equivalente a nove doses de café preto todos os dias não estavam mais sentindo os efeitos. Mas eles passariam a sentir imediatamente quando parassem.
          Você começa a sentir a abstinência de cafeína bem rápido, cerca de 12 a 24 horas depois da última ingestão. Isso explica em partes por que a primeira xícara da manhã é tão importante: ela está curando a abstinência da noite. As razões para a abstinência são as mesmas que ocorrem com a dependência de qualquer substância: o seu cérebro estava acostumado a operar de uma determinada forma, com a cafeína, e agora subitamente está trabalhando em circunstâncias completamente diferentes, ainda que todas as mudanças de receptores ainda estejam valendo. Dores de cabeça são o efeito praticamente universal do corte de cafeína, mas você também pode sentir depressão, fadiga, letargia, irritabilidade, náusea e enjoos, além de efeitos mais específicos, como espamos do músculo ocular. Mas geralmente isso passa depois de 10 dias – novamente, dependendo dos seus fatores fisiológicos particulares.


Fonte: Lifehacker / Gizmodo

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